La crisis climática mata a personas sin hogar en EE.UU. y pone al descubierto un fallo sistémico

  • 🧍‍♂️ Pessoas em situação de rua nos EUA têm 27 vezes mais chances de buscar atendimento emergencial por doenças relacionadas ao calor do que a população com moradia (604 vs. 22 por 100 mil habitantes).
  • 🏥 A taxa de hospitalização entre sem-teto atendidos por causas térmicas é 2 vezes maior do que entre os demais pacientes.
  • 🌡️ Em 2024, o condado de Maricopa (Arizona) registrou 600 mortes relacionadas ao calor — metade das vítimas eram pessoas sem-teto.
  • 🔥 A cidade de Phoenix teve 70 dias com temperaturas acima de 43,3 °C , um recorde histórico.
  • 📊 Entre maio e setembro de 2021 e 2022, quase 60 mil pessoas foram tratadas nos EUA por doenças relacionadas ao calor.
  • 📍 A maioria dos atendimentos emergenciais de pessoas sem-teto ocorreu no Oeste (50,8%) e Sul (31,5%) dos EUA.
  • 💀 Estudo anterior mostrou que, entre 2015 e 2022, quase metade das mortes de pessoas sem-teto na área de Las Vegas foram causadas por calor; em Los Angeles, esse número chegou a 5%.

Estudo publicado na segunda-feira (9/6) por pesquisadores da Harvard Medical School na revista JAMA Internal Medicine revelou que a taxa de atendimentos de emergência por doenças relacionadas ao calor entre pessoas em situação de rua foi 27 vezes maior do que entre a população em geral dos Estados Unidos.

“Essa diferença foi muito maior do que eu imaginava, mesmo com alguma experiência clínica”, afirmou. “Isso me impressionou bastante.”, afirmou Taylor Weckstein, primeira autora do artigo, em entrevista ao Washington Post.

Pesquisa revela o impacto desproporcional das mudanças climáticas sobre grupos vulneráveis nos EUA, bem como alerta para a necessidade de políticas que protejam aqueles em maior risco.

Com o aquecimento global, em grande parte causado pelo uso de combustíveis fósseis, a população em situação de rua tem enfrentado riscos crescentes.

Tome-se o caso do condado de Maricopa, no Arizona. Em 2024, metade dos óbitos relacionados ao calor (300) teve como vítima uma pessoa em situação de rua, de acordo com relatório do Departamento de Saúde local. Naquele ano, as temperaturas em Phoenix ultrapassaram os 43,3ºC em 70 dias ao longo do ano.

Para realizar o estudo ora publicado na JAMA Internal Medicine, Weckstein e seus colegas analisaram dados de atendimentos em serviços de emergência entre maio e setembro dos anos de 2021 e 2022, em todo o território estadunidense. Cerca de 60 mil pessoas foram tratadas por doenças causadas pelo calor nesse período. A taxa de atendimento entre pessoas sem-teto foi de 604 por 100.000 habitantes, contra 22 por 100.000 entre a população residente.

Weckstein observa que os sem-teto atendidos também tinham o dobro de chances de serem hospitalizados em comparação com outras pessoas.

Não é a primeira vez que um estudo revela a vulnerabilidade acentuada da população em situação de rua ao calor extremo. Um estudo de 2024 já havia examinado a influência das temperaturas nas taxas de mortalidade entre pessoas em situação de rua nos condados ao redor de Los Angeles e Las Vegas entre 2015 e 2022. Concluiu que quase metade das mortes entre sem-teto em Las Vegas nesse período foram atribuídas ao calor, enquanto em Los Angeles esse número foi de cerca de 5% . Estas cifras representam “ordens de magnitude maiores” do que na população geral, de acordo com a pesquisa.

Jonathan Jay, professor associado da Escola de Saúde Pública da Universidade de Boston, que não integra a equipe de pesquisadores do novo estudo, destacou que os atendimentos emergenciais são “apenas a ponta do iceberg dos efeitos do calor sobre a saúde dos sem-teto”.

Segundo ele, o calor “aumenta o risco de morte por causas comuns, como overdose e ataques cardíacos”.

Para Weckstein, são necessárias mais moradias acessíveis, melhor acesso a abrigos e centros de resfriamento.


Fonte: This group is the most vulnerable to heat-related illnesses by far / The Washington Post

Foto de Sarwer e Kainat Welfare

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Cláudio Cordovil es periodista e investigador en salud pública con una carrera marcada por la escucha activa y el compromiso con los derechos sociales. Trabajó durante décadas en la prensa generalista y hoy investiga las desigualdades estructurales, centrándose en las poblaciones marginadas, como las personas que viven con enfermedades raras. Es funcionario de Fiocruz desde 2015. Es editor del boletín "Bioética para todos" y creador del blog "Academia de Pacientes". En Solidaritas, Cláudio escribe sobre aquellos que viven en los márgenes pero merecen estar en el centro de las políticas públicas. Busca desenmascarar los engranajes de la exclusión urbana con ojo periodístico y escucha social. Cree que la información es refugio y la palabra una herramienta para la justicia. Es doctor en Comunicación y Cultura. Vive en Río de Janeiro, pero escribe con los pies en la calle.

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